lunedì, novembre 21, 2005

A Grande Convenção de 1737.

A terra era um lugar bem diferente uns três séculos atrás, muito mais do que se imagina. Até o ano que hoje nós chamamos de 1737 da era cristã, nada do que nós conhecemos existia, e uma estranha e tecnologicamente avançada civilização de humanos que não se chamam por esse nome governava o planeta.
A história desse povo é antiga e misteriosa, mas eles funcionam completamente diferente de nós. Não costumam planejar para que seus filhos tenham felicidade material e desempenhos morais que lhes sejam satisfatórios. Gostam, pelo contrário, de elaborar futuros abertamente áridos e turbulentos para propiciar o desafio certo para as próximas gerações. Foi então que naquele ano todas as pessoas mais adultas que criaças enviaram representantes para uma grande assembléia, que decidiu que no prazo de cento e onze ano todas as provas da história real desse planeta deixariam de existir, e seriam substituídas por uma elaborada construção ficcional, capaz de fazer as gerações futuras se tornarem exatamente o oposto daquilo que a humanidade era.
Contistas caprichosos resolveram contar a história de um fantástico império, berço da civilização, cujos ideais e métodos seriam difundidos justamente pelos povos bárbaros que o destruíram. As hábeis mãos de artistas criaram falsos inícios para a escrita e para as cidades na Mesopotâmia, no Egito e nos Andes. Técnicas complexas transformaram objetos novos em ruínas e artefatos que aparentavam ter milênios de idade. A população foi redistribuida pelo mundo, línguas artificais foram criadas e ensinadas aos jovens para que esses acreditassem na história de sua nação; centenas de milhares de livros, pergaminhos, afrescos e similares foram escritos retroativamente dessas línguas inventadas, até que se pudesse rastrear uma origem milenar em qualquer dialeto novato.
Poetas e filósofos usaram essas línguas e histórias para dividir o novo mundo em religiões, ciências e preceitos, cuja origem no ocidente se daria num lugar inventado chamado Grécia. As discussões ficcionais eram tão fascinantes que, em alguns momentos, os farsantes esqueciam da peça e acreditavam realmente em seus embates.
Rapidamente, toda a prova de que o mundo era um lugar completamente diferente foi sendo esquecida. Passados os cento e onze anos, as pessoas mais velhas do mundo se reuniram numa tumba no mediterrâneo, destruíram os últimos pertences que remetiam a sua existência e se sacrificaram num ritual suicida. Foi assim que o mundo começou em 1848.

5 commenti:

  1. Blog em constante alteração de template. Ele talvez fique assim.
    Estou ouvindo opiniões.
    A pessoa que des-sublinhar o meu título ganha um grão de feijão.

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  2. eu acho que somos mais romanos que gregos, mas preciso fazer o curso de historia antiga 1 para ter certeza.

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  3. cara, assim (azul no preto) tá uma zica de ler.

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  4. cara, vi de outros computadores que não o meu e agora eu entendi...
    Jesus e Maria Corrente, que saco!

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  5. esse pessoal é meio pragmático, não?...

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