Diz um filme do 007 que o amanhã nunca morre. Meia-verdade, como tantas outras; o amanhã é natimorto, e só interessa a filósofos tristes. O hoje é, por conseqüência, imortal, sempre vivendo do amanhã que morre todo dia à meia noite. Mas isso já é pieguice, uma vez que mesmo o dia sendo eterno, as coisas nunca permanecem.
Uma música do Blondie chamada 11:59 fala sobre esse um minuto antes do processo se realizar. E é Blondie, então é ótimo!
Ótimo é o que a gente diz das coisas quando se sente mais perto do que é ser feliz.
A interpretação mais simples e conhecida de Platão (não vou fingir que li esse sujeito na fonte, mas a idéia persiste) é a de que tudo que existe é mera tentativa de perseguir um ideal impossível e perfeito. Mas a idéia não precede o ser, e perseguir esse tipo de platonismo leva ao tédio e a um excesso de crises existênciais cretinas.
Eu tenho um nome para essa cretinice: Plano A. O maior problema é se libertar do Plano A, o resto é secundário.
Plan A, uma música dos Dandy Warhols, ironiza a ilusão de que todos pertencemos a um lugar inatingível e melhor. É Dandy Warhols, então é ótimo.
Porque, então, a gente quer tanto visitar o reino do sonhar, que é feito só de idéias, se elas são a origem de toda a infelicidade? Ilusões, projetos, conceitos e todas as coisas que não existem?
Todo o sonho tem em si o poder de existir, de maneiras que as vezes a gente nem compreende. E respeitar esse poder, da mesma forma que respeitamos as duras formas da realidade material, sem idolatria ou purismo, talvez seja amor.
O amor moderno é tralha.
Isso já é uma tradução que mistura uma música e um disco. Bowie e Blur, então é ótimo.
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