giovedì, maggio 19, 2005

A fuga do viandante

Era conhecido na cidade inteira por andar cercando-se das figuras mais estranhas e diversas dos lugares. Pessoas cheias de alegria sombria, ou de radiante dor. Amava e era amado por cada um deles. O viandante fazia tudo caminhando, e caminhava todos os dias. Tinha um teto, algumas roupas, em geral bonitas, um bar que quase era sua casa, e muitos amigos. E isso parecia tudo que ele precisava. Bradava, com orgulho e coragem, que tinha tudo que precisava. Quem já passou fome e sede, e quem já passou solidão, como ele conheceu os três, sabe que se escolhe por último a solidão. O movimento dessas ruas parecia ser o sangue que corre em suas veias; ninguém podia imaginar tal criatura morando fora daqui. Só que calhou um dia de acordar com um formigamento. Esse sangue lhe ardia, parecia contaminado. A fome e a sede pareceram grandes demais. Juntou suas roupas, saiu de baixo do teto. Viandou na luz do dia, que nunca foi sua amiga. Mesmo com todo o fluxo, e todo o calor do sol, e com seu tamanho grande e desajeitado, ninguém notou que ele ia embora. Não que ninguém tenha visto, mas tal informação era tão incoerente que as pessoas simplesmente não registravam corretamente: o viandante, uma das forças da natureza artificial desse lugar, foi embora. Quem sabe se um dia volta?

DÉJEUNER DU MATIN
Jacques Prévert

Il a mis le café Ele pôs o café
dans la tasse na xícara

Il a mis le lait Ele pôs o leite
dans la tasse de café na xícara de café
Il a mis le sucre Ele pôs o açúcar
dans le café au lait no café com leite
Avec la petite cuiller Com a colherinha,
il a tourné Ele mexeu.
Il a bu le café au lait Ele bebeu o café com leite.
et il a reposé la tasse e pousou a xícara na mesa.
sans me parler sem falar comigo.
Il a allumé Ele acendeu
une cigarette um cigarro
Il a fait des ronds E fez bolinhas
avec la fumée com a fumaça no ar.
Il a mis les cendres Ele bateu as cinzas
dans le cendrier no cinzeiro
sans me parler sem falar comigo
sans me regarder sem me olhar
Il s’est lévé Ele se levantou
Il a mis e colocou
son chapeau sur la tête seu chapéu na cabeça
Il a mis son manteau de pluie ele vestiu o seu casaco
parce qu’il pleuvait porque chovia
et il est parti e ele partiu
sous la pluie debaixo de chuva
sans une parole sem falar comigo
sans me regarder sem me olhar
et moi j’ai pris e eu coloquei
ma tête dans ma main minha cabeça entre as mãos
e j’ai pleuré. e eu chorei.


Obs: A coluna da direita é como me lembro da tradução que eu gostava mais desse poema; ela é bem literal na maior parte do tempo, mas as vezes fica esquisita. Não tenho a menor certeza de que seja assim, mas eu gosto. No site onde eu achei o original, existe outra tradução, que eu não gostei muito, achei que perde as pausas do poema.

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