martedì, agosto 16, 2005

Imaginei um desenho. Eu não sei desenhar, então só planejava descrevê-lo pra outra pessoa fazer o trabalho sujo. Seria um desfiladeiro, meio caricato, um bocado Coiote e Papa-Léguas. Bem estreito e fundo. Em cima, teria uma placa de um lado, toda colorida, bonita e com luzes, meio torta e psicodélica, escrito "terra do nunca". Outro lado, uma placa dura e quadrada, quase de envenenamento nuclear, avisando "mundo real". Lá em baixo uma confusão de rabiscos parecendo alguém estatelado e uma flechinha apontando "Você está aqui." Mas ai eu tinha que decidir de que lado ficava cada placa. Veja bem, num mundo ocidental, você absorve toda a linguagem visual como começando na esquerda no topo, indo para a direita ao fundo; ainda mais numa imagem narrativa como essa. Então, ao colocar a placa da terra do nunca da esquerda, eu disse "tentou crescer e se fodeu." Que não é o que eu queria, nem um pouco. Já "tentou nunca crescer e se fudeu" me parece ainda mais idiota. Não queria sucitar nenhuma leitura tão simplista e direta das coisas. Reparei: mais que não saber fazer traços indo pra direção ou com a intensidade que eu quero, eu basicamente não sei desenhar; não conheço o código e as estratégias que me permitiriam exprimir da maneira adequada numa imagem estática em duas dimensões.
Aí eu conto isso por escrito, fingindo que a linguagem textual eu domino.

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