A Dialética do Abandono é aquilo que toda criança experimenta quando se perde dos pais. Num estado de fragilidade total, se reconhece o gozo da esperança plena a partir do momento em que tudo pode ser a sua salvação - qualquer pessoa, qualquer lugar, qualquer acontecimento. Deixados na praia, esperamos um milagre guardado em cada onda do mar.
É da primeira vez que uma criança fica só contra o mar que ela volta para casa gostando de sal, de comida salgada. Antes disso o paladar só reconhece o doce, não sabe apurar a ausência, a maravilha que é encontrar algo que lhe provoque sede.
Toda a raiva que a criança começa a sentir, então; do pai, da mãe, dos desconhecidos que não o acolhem e, finalmente, dos que lhe acolhem, é uma forma travestida de felicidade. Uma declaração do Eu. Fui deixado sozinho? Pois bem, pela primeira vez, existo por mim mesmo.
Mas sabemos que não é verdade. Nós não existimos, companheiros, e é isso que me instiga.
eu sou a criança abandonada na praia. ou no mato. tanto faz.
RispondiEliminae fico aqui a espera daquilo que será a minha salvação, bem no meio do cerrado. será que vai? um dia, quem sabe...
No cerrado acho que os milagres vem em pés de ventos pelas folhas...
RispondiEliminaeu fui a salvação de mim mesma... será que isso dá um nó no nosso ego?
RispondiEliminapelos pés de ventos?
RispondiEliminapor isso que eu torço tanto por uma ventania e nem sabia, veja só.
eu tenho pensado nisso todos os dias..
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