Meu avô, do ano passado para cá, ficou mais e mais doente. Descobrimos que, além da sombra constante do câncer e dos problemas cardíacos, ele estava sofrendo de esclerose e o mal de Parkinson avançava.
Para combater os males conjuntos, este ano, minha avó insistiu que ele fizesse hidroginástica - e ela iria junto. Isso surpreendeu a todos, porque minha avó NUNCA entrou no mar ou em piscina. Ela tinha medo de grandes corpos d´água.
Dia 2 de maio, ela e meu avô foram à primeira aula. Ambos, em seus 77 anos de vida, estavam animadíssimos depois da aula. Minha avó especialmente ficou exultante. Parecia uma criança.
Horas depois da aula, meu avô ficou com um encanador no apartamento e minha avó deu uma escapulida para resolver uns negócios aqui perto - aí aconteceu.
O relatório médico disse que ela morreu de um mal súbito. Que mesmo antes dela cair na rua e o caminhão destruir a caixa torácica, ela já estava morta. Isso não foi consolo.
Eu sempre imaginei que eu nunca ligaria pra isso. Se alguém da minha família morresse, eu não sentiria nada. Quando meu irmão me deu a notícia no Metrô Sé, entretanto, meu chão caiu - pela segunda vez, em menos de um mês.
Eu chorei por uns dois dias. Normal, não? E eu entendi que tem horas em que o sangue tem que ser sim mais espesso que a água. Tive que grudar na minha mãe e no meu avô até que as coisas começassem a normalizar - mas é ilusão achar que as coisas voltam a ser como são.
Por sorte, eu tinha amigos - como a Tatiana, que você conhece - dispostos a segurar a minha barra enquanto eu segurava a barra dos outros.
O que eu posso dizer é - se quiser ficar mal, se quiser chorar, e quebrar alguma coisa, vá em frente. Não tem nada que possa fazer pra aliviar isso, nada que eu possa dizer pra melhorar. Mas lembra que deve ter gente agora precisando de seu apoio. E apoio você consegue, sem dúvida, dos seus amigos - os bons, os de verdade, pelo menos.
Meu avô, do ano passado para cá, ficou mais e mais doente. Descobrimos que, além da sombra constante do câncer e dos problemas cardíacos, ele estava sofrendo de esclerose e o mal de Parkinson avançava.
RispondiEliminaPara combater os males conjuntos, este ano, minha avó insistiu que ele fizesse hidroginástica - e ela iria junto. Isso surpreendeu a todos, porque minha avó NUNCA entrou no mar ou em piscina. Ela tinha medo de grandes corpos d´água.
Dia 2 de maio, ela e meu avô foram à primeira aula. Ambos, em seus 77 anos de vida, estavam animadíssimos depois da aula. Minha avó especialmente ficou exultante. Parecia uma criança.
Horas depois da aula, meu avô ficou com um encanador no apartamento e minha avó deu uma escapulida para resolver uns negócios aqui perto - aí aconteceu.
O relatório médico disse que ela morreu de um mal súbito. Que mesmo antes dela cair na rua e o caminhão destruir a caixa torácica, ela já estava morta. Isso não foi consolo.
Eu sempre imaginei que eu nunca ligaria pra isso. Se alguém da minha família morresse, eu não sentiria nada. Quando meu irmão me deu a notícia no Metrô Sé, entretanto, meu chão caiu - pela segunda vez, em menos de um mês.
Eu chorei por uns dois dias. Normal, não? E eu entendi que tem horas em que o sangue tem que ser sim mais espesso que a água. Tive que grudar na minha mãe e no meu avô até que as coisas começassem a normalizar - mas é ilusão achar que as coisas voltam a ser como são.
Por sorte, eu tinha amigos - como a Tatiana, que você conhece - dispostos a segurar a minha barra enquanto eu segurava a barra dos outros.
O que eu posso dizer é - se quiser ficar mal, se quiser chorar, e quebrar alguma coisa, vá em frente. Não tem nada que possa fazer pra aliviar isso, nada que eu possa dizer pra melhorar. Mas lembra que deve ter gente agora precisando de seu apoio. E apoio você consegue, sem dúvida, dos seus amigos - os bons, os de verdade, pelo menos.
Qualquer coisa, buzina.
Resolvendo uma ambiguidade: o velho morrendo de dois post atrás é distinto da velha falecida no post atual.
RispondiEliminaMas os dois são velhos, um é pai do meu pai, a outra foi mãe de minha mãe.