No grande prédio, daqueles que tem escritórios e consultórios e firmas de tudo, se gera muito lixo. e uma única faxineira, Luzineide, é quem leva todos os sacos de lixo que as equipe de limpeza de cada andar manda pro subsolo. Ela recolhe tudo pelos dutos, põe no carrinho e leva até a rua. As vezes um saco etá mal fechado ou muito cheio, e sobe um mau-cheiro. Quem liga pro cheiro? É bom quando dá pra ver o que tem dentro do saco. Parecem ser só objetos descartáveis, papel amassado e poeira. Mas muitos deles são o fim de uma história.
Se fosse letrada, seria uma escritora, sem sombra de dúvida. Talvez, se tivesse as técnicas e os materiais, ela fizesse histórias em quadrinhos. Mas contando só com o que tinha, Luzineide era uma narradora. E das boas. Seu lugar favorito era o ônibus. Duas horas no trânsito que pareciam bem menos com todos olhando para ela e ouvindo fascinados a última história que ela deduzia. "Não é fofoca, é o que eu acho". Uma vez ela achou um pedaço de pano de camisa rasgado com uma marca de batom e preso a um relógio quebrado. A história do advogado que foi pego traindo a mulher que o esbofeteou tão forte que o relógio enganchou na camisa e arrancou o colarinho fora foi um hit, recontada por meses.
A parte mais mágica das histórias de Luzineide é o fato de que, por serem sobre o lixo, elas sempre começavam do fim. Ela reconstruia os fatos prováveis em ordem inversa a cronológica, com precisão policial e inventividade romântica. O suspense nunca girava em torno do que vai acontecer, mas do porque vai acontecer; isso balançava a estrutura de novela a qual todos estavam acostumados. "Você devia estudar um pouco, Luzineide. E entrar pra tal da Academia de Letras". Mas não, que é isso, ela só gostava de contar o que imaginava. Um dia alguém percebeu a sacada, e elogiou a genialidade de Luzineide. "Sabe, se começasse do começo normal, que graça teria"; ela corou. Ficou até um pouco viciada em usar o lixo que era sempre o fim da história. Mas na que a gente conta dela, acaba sendo o começo.
venerdì, luglio 30, 2004
martedì, luglio 20, 2004
it is my life
Eu já devo ter pensado umas trinta vezes em escrever um post com esse título. Tanto pela qualidade da música que o precede (do talk talk) quanto pela genialidade do conceito em si.
É a minha vida para eu vive-la intensamente da maneira que preferir.
A idéia é só fazer uma homenagem aqueles dias em que nossa vida supera qualquer outras, em que os eventos de espontaneidade, coincidência e leviandade atigem o seu grau máximo e mais verdadeiro e proporcionam uma pequena aventura. É sempre bom ter mais do que se espera. É sempre bom encontrar pessoas ao acaso e ouvir aquilo que os teóricos da narrativachamam de chamado a aventura. E dar a esse chamado uma resposta à altura.
It is my life, don't you forget.
It is my life, it never ends.
É a minha vida para eu vive-la intensamente da maneira que preferir.
A idéia é só fazer uma homenagem aqueles dias em que nossa vida supera qualquer outras, em que os eventos de espontaneidade, coincidência e leviandade atigem o seu grau máximo e mais verdadeiro e proporcionam uma pequena aventura. É sempre bom ter mais do que se espera. É sempre bom encontrar pessoas ao acaso e ouvir aquilo que os teóricos da narrativachamam de chamado a aventura. E dar a esse chamado uma resposta à altura.
It is my life, don't you forget.
It is my life, it never ends.
domenica, luglio 18, 2004
Eu já sei o que eu estou fazendo lá dentro.
Fui pegar as minhas pernas de volta.
Na verdade, nem me lembro de quando eu as tinha. Mas já sei onde elas estão. Já estou lá, prestes a pegá-las pra mim. E quando elas estiverem de novo presas ao meu corpo, vou correr e correr e correr até voar, ninguém conseguirá me alcançar a não ser que eu queira, e vai ficar tudo bem. Já está um pouco bem só de eu saber disso.
Na verdade, nem me lembro de quando eu as tinha. Mas já sei onde elas estão. Já estou lá, prestes a pegá-las pra mim. E quando elas estiverem de novo presas ao meu corpo, vou correr e correr e correr até voar, ninguém conseguirá me alcançar a não ser que eu queira, e vai ficar tudo bem. Já está um pouco bem só de eu saber disso.
martedì, luglio 13, 2004
lunedì, luglio 05, 2004
História Verde, Azul e Branca
Estou aqui porque eu gosto de veneno. Mentira, eu gosto é do antídoto; eu amo o veneno. Eu vejo o veneno na prateleira do médico e eu quero tomar todo ele, aquele líquido azul sedoso que tem cheiro de calma. Já fiquei um mês direto pensando só nele, em como eu queria tomar todo o frasco de uma vez e morrer apaixonado por aquela água espessa. No fim, eu sempre tomo o maldito. Alguém nota, uma enfermeira desesperada vem, me leva pra outra sala, acho que perto do laboratório, e pega aquele becker com um borbulhante verde e fedido. É antidoto, vai anular o efeito do meu corpo. Eu quero o antídoto. Sinto como se devesse pedir desculpas ao veneno, eu que tinha prometido morrer por ele, mas o antídoto tem um gosto tão bom, as borbulhas fazem cócegas no meu nariz e tudo isso me faz lembrar que talvez eu queira continuar vivo.
Depois que tomo o antídoto, não penso nele. Passo um bom tempo livre dele e do veneno, sou capaz de não lembrar que nenhum dos dois existe por semanas, meses, um ano. Fico na parte daqui onde só deixam os mais calmos ficarem. Vejo as árvores, brinco com os bichinhos e jogo baralho. Ninguém gosta quando a gente joga truco, então é sempre buraco, buraco, buraco. E eu fico lá jogando buraco e brincando com os bichinhos até que um dia eu olho praquele céu azul e sedoso e quero meu veneno de novo. Da última vez que isso aconteceu.
Eu entrei na sala do médico. Ninguém nem me olhou no caminho, as enfermeiras pareciam até querer que eu entrasse lá. Estava vazia, exceto pela escrivaninha, cheia de garrafas e mais garrafas. Vinte e uma garrafas. Dez delas tinham a substância verde e borbulhante. Onze tinham o veneno. Foi a primeira vez que eu olhei pro veneno e pro antídoto assim, no mesmo lugar e no mesmo tempo. Cabeça doia, o que eu queria?
O veneno? Antídoto? Veneno ou antídoto. Veneno, antídoto. Veneno antídoto. Venenantídoto. Dez garrafas azúis, dez garrafas verdes, já não morri dez vezes hoje, o que dá um todo de trinta. E ainda tem a última. E o que eu quero, afinal? Eu quero o antídoto. Eu amo o veneno. E eu morro por ele.
Depois que tomo o antídoto, não penso nele. Passo um bom tempo livre dele e do veneno, sou capaz de não lembrar que nenhum dos dois existe por semanas, meses, um ano. Fico na parte daqui onde só deixam os mais calmos ficarem. Vejo as árvores, brinco com os bichinhos e jogo baralho. Ninguém gosta quando a gente joga truco, então é sempre buraco, buraco, buraco. E eu fico lá jogando buraco e brincando com os bichinhos até que um dia eu olho praquele céu azul e sedoso e quero meu veneno de novo. Da última vez que isso aconteceu.
Eu entrei na sala do médico. Ninguém nem me olhou no caminho, as enfermeiras pareciam até querer que eu entrasse lá. Estava vazia, exceto pela escrivaninha, cheia de garrafas e mais garrafas. Vinte e uma garrafas. Dez delas tinham a substância verde e borbulhante. Onze tinham o veneno. Foi a primeira vez que eu olhei pro veneno e pro antídoto assim, no mesmo lugar e no mesmo tempo. Cabeça doia, o que eu queria?
O veneno? Antídoto? Veneno ou antídoto. Veneno, antídoto. Veneno antídoto. Venenantídoto. Dez garrafas azúis, dez garrafas verdes, já não morri dez vezes hoje, o que dá um todo de trinta. E ainda tem a última. E o que eu quero, afinal? Eu quero o antídoto. Eu amo o veneno. E eu morro por ele.
domenica, luglio 04, 2004
ESSE cara já foi meu professor, mano!
O inteiro de branco é André Barbosa, professor de rádio que foi veemente chutado após (não) ministrar metade da matéria de expressão audio visual. Eles embalavam as noites com o Hit Tell Me Once Again, que, como ele mesmo fazia questão de lembrar semanalmente, virou uma paródia bem conhecida, se não me engano do ney matogrosso, Telma eu não sou gay.
Se você clicar na foto, vai reparar que isso vem do fotolog do filho dele, que nunca vi mais gordo. (A foto me chamou atenção no índice). Internet te faz cada coisa...
venerdì, luglio 02, 2004
Esse cara é meu professor
E você pode encontrá-lo no orkut.
Deu aulas de direção e direção de TV.
Já esse
deu uma parte das aulas de roteiro e é o professor de Direção de Cinema. É o Diretor e Roteirista do ainda não lançado Contra Todos, que em inglês, e na comunidade que eu criei, se chama Up Against Them All.
E essa última (por enquanto, estou com medo dessa população de professores no orkut)
é a responsável pela carreira de Produção.
E, como se isso não bastasse estão nascendo bebês mutantes super-fortes na Alemanha.
(Essa última foi a Lígia que me conseguiu.)
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