domenica, agosto 29, 2004

Ressurreição de um blog, com duas demonstrações de pretensão

Terceira Pessoa

Ele dizia tudo na primeira pessoa; nunca conseguia usar aquela tão famosa palavrinha que é só um ditongo. Sofria, pois quão grande era seu ego que não conseguia falar de si próprio. Suas dores, contava como se fala dos outros; e o mundo que não entendia sua doença chamava aquilo de narrativa, de metáfora, de parábola e de poesia. Diziam que ele era um artista, que compreendia o mundo, e que seu altruísmo e sensibilidade se mostravam na ausência absoluta de ensimesmices nos seus ditos. Admiravam sua coragem, o único homem que não falava de si mesmo. Jamais ninguém entendeu que era só o que ele fazia o tempo todo, sempre usando esse pronome, ele. E ele gritava desesperadamente por ajuda.


Freud Comia Minha Mãe
(era um frase que queria ser uma letra de música, pra alguma banda bem ruim. como eu não tenho, virou uma espécie de anti-poesia, narrativa em versos. Ninguém se preocupou em escrever isso bem)

Complexo de Édipo que nada
Quem matou meu pai foi a gonorréia
Quem comeu minha mãe foi seu doutor

Freud comia minha mãe
Apesar da doença venérea
Que minha mãe pegou quando trabalhava
Na zona

E toda noite, nos becos de viena
Ela atendia Herr Doktor
E dava o cu, com ou sem dor
(Só uma rima pobre pra te irritar)

Veio pro Brasil e virou psicóloga
Deu a bunda mais umas oitocentas vezes
Mas continuou amando
A distância, ao platônico
Aquele vienense safado
Viciado em biotônico
(Você já entendeu o espírito?)

Eu sou puto,
vadio e problemático
Me chama de filho da puta logo
Sinto raiva demais
Minha mãe veio da zona,
E foi pro consultório,
Fazer meio que o mesmo trabalho,
Vai acabar sendo freira, caralho!
Freud comia a minha mãe

Mas, se tu acha que eu sou fodido
Um idiota, um coitado
Saiba já meu caro amigo
Que ele comia a tua também,
Aliás, prá caralho!

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