Primeiro três noções soltas
- Vivemos uma contemporaneidade muito pós coisas, especialmente "pós moderna", o que não deixa de ser um termo idiota. O conceito é de um desprendimento das raízes sem que um projeto de futuro nos guie por essas transformações. O signo clássico dessa pós modernidade é uma confluência louca de camadas de informação, alusões e manipulação do significado de tudo o que se fazia antes.
- O imaginário desse tempo se volta para terras ermas e gélidas, especialmente uma escandinávia mítica e pagã, como se pode perceber facilmente pela explosão musical de países como Suécia e Canadá, que ora exprime, ora ataca, mas sempre revolve sobre, o niilismo. Recomenda-se ouvir "Oslo in the Summertime", da banda Of Montreal, que não é canadense, para melhor exemplificação.
- A questão das multicamadas e da alusão é magnificamente explorada no romance de Italo Calvino, Se numa noite de inverno um viajante.
Aonde isso leva?
Estava eu na wikipedia lendo sobre o livro, quando vejo um link para um artigo sobre um país ficcional ali presente, a Ciméria (o que me intrigou, pois o Conan também é de lá, e combinar Conan e Calvino é tarefa para poucos). O artigo comenta que a provável localização dessa terra seria no Golfo Bótnio - taca a ler sobre o assunto e descobre que, não só esse golfo fica na Escandinávia, como também que as explicações para a origem do seu nome são um embaraço de referências divertidíssimo! E o que é melhor, as explicações da wiki em português e inglês são completamente incompatíveis! Colo aqui:
"Bothnia is a Latinization of Old Norse botn, meaning "bottom". The name botn was applied to the Gulf of Bothnia as Helsingjabotn in Old Norse, after Hälsingland, which at the time referred to the coastland west of the gulf. Later, botten was applied to the regions Västerbotten on the western side and Österbotten the eastern side ("East Bottom" and "West Bottom"). The Finnish name of Österbotten, Pohjanmaa, or "Pohja"-land, gives a hint as to the meaning in both languages: pohja means both "bottom" and "north."
Botn/botten is cognate with the English word bottom, and it might be part of a general north European distinction of lowlands, as opposed to highlands, such as the Netherlandic region, Samogitia (Lithuanian), and Sambia (Russia).[clarify]
A second possibility is that botten follows an alternative Scandinavian connotation of 'furthermost'. Thus, the Gulf of Bothnia would be the farthest extent of the Ocean.
Julius Pokorny gives the extended Indo-European root as *bhudh-m(e)n with a *bhudh-no- variant, from which the Latin fundus, as in fundament, is derived. The original meaning of English north, from Indo-European *ner- "under", indicates an original sense of "lowlands" for "bottomlands". On the other hand, by "north" the classical authors usually meant "outermost", as the northern lands were outermost to them.
Which meaning prevailed is a distinction that may be too precise to determine, especially as European cultures tended to assimilate and exchange cultural elements.
The third possibility is that botten is a mistranslation of pohja in pohjanmaa, as pohja in Finnish means both north and bottom. The common translation for Pohjanlahti is "the bay in the north," which makes sense. "The bay of the bottom" doesn't make sense, but could have been translated so by a Swedish speaking person who wasn't well versed in Finnish. These types of translation errors are common in Finland, so the explanation seems reasonable. However, whether Pohjanmaa was translated to botten or vice versa is a question for history, archaeology, and politics, and relates to who settled and named the region first."
""Golfo de Bótnia" é uma transformação de Gotticus (antes do século XV) para Bothnicus (após o século XVI). A etimologia mais corrente, por outro lado, registra a origem do termo a partir do francês Botnie, este proveniente do sueco Bottniska viken. Já a forma sueca, advinda do sueco Botten, "fundo", viria do nórdico antigo Botn, com o mesmo sentido."
Interessane! A Biba criou um continente imaginário lá no Equipe. Lição de casa. O dele se chamava Nalehe (as sílabas de Helena ao contrário)
RispondiEliminaadorei as tres noções soltas.
RispondiEliminasobre bandas suecas: esse peter bjorn eu achei mt deprê. gonguei. o of montreal resolvi ouvir agora aquele hissing fauna. vamos ver. agora eu peguei um video do sahara hotnights (roquenrol sueco tb) e adorei elas fazendo um show e povo sentadinho e comportado. pensei que se eu estivesse presente eu estaria bebada já e pulando em algum canto. como eles conseguem ser tão politicamente corretos? bom, só lamento por eles.
ps: vamos no show do hives e plasticines no sábado?