Da primeira vez que alguém disse "Sempre está no último lugar que se procura", essa se tornou a frase guia das pessoas que perdem coisas. Depois de uma boa jornada em busca de um sapato perdido ou de um livro guardado na biblioteca mais empoeirada e bagunçada, a frase triunfante é redita e alimenta a lenda. Mas, ao fim, quão óbvia e natural não é? Conheço pouquíssimas pessoas abençoadas com a capacidade de continuar procurando o que já acharam, o que misteriosamente torne todo lugar certo o último. Claro e óbvio, certo? Mas quanto tempo demorou para que, depois que desistissem da idéia de que a terra era plana, percebessem que não existia mais em cima e em baixo e alguém ia ter que explicar o por que de as coisas cairem? O óbvio não existe até ser expresso. Assim como um sentimento, antes de ser declarado, não passa de uma dor de estômago, e uma teoria científica, antes de experimentada, feitiçaria e ilusionismo. Há um ganho para quem se dá conta disso, e essa parte é a menos óbvia: o prazer de perceber as coisas da primeira vez, de formular as belas frases, e de talvez descobrir algo tão pequeno e maravilhoso que ninguém jamais fosse se dar ao trabalho.
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