No amanhecer da nova era, onde os profetas e os messias estão mortos, eu, que não sou um deles, pronuncio a lei e a moral. Verdades importantes, que todo o homem de bom espírito carregará consigo por onde estiver.
1 - É proíbido ao ego do novo milênio apetecer-se de auto-comiseração, piedade ou culpa. As únicas dores que pertencem ao ser digno são as da raiva. Entre os não dignos, dá-se aos poetas o direito à melancolia, enquanto tal for criativa.
2 - É condenável aos corações humanos fazer a coisa certa. A coisa certa, como todos devem saber, é uma mentira da inteligência coletiva contra o pragmatismo e a paixão.
3 - Proteger aos outros seres humanos é aceitável apenas sob os sentimentos de irmandade ou para proveito pessoal.
4 - É imoral ter a coragem de cometer um pecado e a covardia de arrepender-se. Carregue com sigo seus fardos com o orgulho e a vergonha que lhe cabem, sem jamais esquecer.
5 - Toda preocupação exagerada com aparência e carisma não será tida como vaidade, e sim como virtude. Vaidade é o pecado das coisas vazias, e a beleza só é vã quando desprovida de desejo.
6 - Nenhuma lei, principalmente essa, deve ser seguida sem o temor da punição ou a absoluta concordância de sua sensatez. Só os fracos entendem algo como absolutamente imoral ou moral. Se uma árvore cai na floresta sem que ninguém possa ouvir, só importa a ela mesma se fez barulho.
7 - É vetado o pensamento no futuro. O pensamento no passado será perdoado na forma de alegria nostálgica.
8 - A crença em Deus será virtude apenas naqueles que de fato acreditarem. Virtude igual será não acreditar em Deus, desde que com a mesma devoção ao não-deus que se estabelece.
9 - O medo do escuro, de altura, de multidões e de toda e qualquer outra falsa ameaça será elogiado no ser realmente humano que o sentir.
10 - Fica sagrado o ato de sentir.
(é a coisa mais prepotente e pretenciosa que já fiz na vida. Valeu a pena, até agora.)
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